No Japão, cão-robô tem clínica veterinária, doação de órgãos e funeral
Maria Carolina Abe
Um cachorro diferente virou o melhor amigo do homem no Japão: Aibo, um cão-robo fabricado pela Sony.
A empresa lançou o ''bicho'' em 1999 e, em 20 minutos, cerca de 3.000 foram vendidos, apesar do preço (250 mil ienes, cerca de R$ 6.000).
Em sua última versão, os cães-robôs eram capazes até de desenvolver personalidade e expressar emoções.
O pet artificial, porém, deixou de ser fabricado em 2006.
Há um ano, a Sony decidiu também fechar o ''serviço veterinário'', conhecido como ''Aibo Clinic''.
Com isso, os donos ficaram sem ter o que fazer com os bichos que ficam ''doentes'', precisando de conserto.
Nova 'clínica' de engenharia
Foi o caso de Hideko Mori, uma farmacêutica aposentada de 70 anos. Em maio do ano passado, seu companheiro de oito anos parou. ''Não sabia que sua vida tinha um limite'', explicou.
Para alívio dela, um pequeno grupo de ex-engenheiros da Sony resolveu abrir uma empresa para reparar os pets artificiais, chamada A Fun.
Em dois meses, seu cachorro-robô voltou novinho em folha. ''Fiquei muito feliz em tê-lo de volta, em plena forma'', disse Hideko.
''As pessoas que os educam sentem sua presença e sua personalidade, por isso acreditamos que de alguma maneira o Aibo possui uma alma'', disse Nobuyuki Narimatsu, diretor da companhia, em entrevista à agência AFP.
''Fiquei surpreso a primeira vez que falei diretamente com um cliente”, conta o engenheiro Hiroshi Funabashi. Ele se deu conta de que as pessoas não viam o Aibo como um robô, mas sim como um membro da família.
Fila de espera para 'doação de órgãos'
Mas os donos dos Aibo em perigo precisam ter paciência. A lista de espera para conserto é longa.
Além disso, os cuidados podem levar semanas ou meses, devido à falta de peças de reposição.
Todas as peças são de outros Aibos que ''morrem'' e é preciso que as famílias aceitem fazer uma ''doação de órgãos''.
Funeral e homenagem em templo
Em geral, as famílias aceitam doar as peças desde que os cães-robôs recebam uma homenagem fúnebre.
A cerimônia funerária é feita em tradicionais templos budistas, comandada por um monge.
Bungen Oi fez em janeiro sua primeira ''cerimônia Aibo'' no centenário templo de Kofukuji, em Isumi, ao leste de Tóquio.
''Fiquei entusiasmado em honrar uma tecnologia de ponta mediante um rito muito tradicional'', disse.
Melhor que o cão de verdade
Para Hideko Mori, que teve seu Aibo ''ressuscitado'', o cachorro virtual é melhor que um de verdade.
''Quando saio de férias, é só desligá-lo. Não preciso alimentá-lo, ele não faz xixi… Bom, de vez em quando levanta a patinha, e a gente ouve o barulho de água correndo, mas sem causar sujeira'', brinca.
Com informações da agência AFP. As fotos são de Toshifumi Kitamura, também da AFP.
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